À medida que Cuiabá se aproxima da janela partidária, um período definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que permite aos políticos eleitos mudarem de partido sem o risco de perderem seus mandatos, o cenário político da capital mato-grossense se agita com uma série de mudanças significativas entre seus vereadores. Esta fase, crucial para as preparações das Eleições Municipais de 2024, revela não apenas estratégias individuais, mas também sinaliza possíveis realinhamentos no espectro político local.
Entre as figuras centrais desta “dança das cadeiras” está o vereador Luis Cláudio, que, em um movimento significativo, anunciou sua saída do Partido Progressistas (PP) para se juntar ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), alinhando-se assim mais estreitamente com o prefeito Emanuel Pinheiro. “A troca será oficializada em 11 de março, já dentro da janela eleitoral”, afirmou Cláudio, marcando sua nova trajetória política com uma data definitiva.
Este período de transição, que se estende de 7 de março a 5 de abril, é uma oportunidade para que os ocupantes de cargos eletivos reavaliem suas afiliações partidárias em busca de melhores alinhamentos políticos ou oportunidades de reeleição. Conforme esclarecido pelo TSE, “a janela beneficia somente as pessoas eleitas… que estão em fim de mandato”, colocando um foco particular nos vereadores, cujos mandatos estão prestes a se concluir.
A decisão de Luis Cláudio de mudar de partido é apenas o início de uma série de realocações partidárias entre os vereadores de Cuiabá. Marcrean dos Santos, por exemplo, prepara-se para reassumir seu posto no PP após um período dedicado à liderança da Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária. Esta volta é emblemática das complexas relações políticas locais, especialmente após o rompimento entre o presidente estadual do PP, deputado Paulo Araújo, e o prefeito Pinheiro, que sinalizou uma necessidade de realinhamento dentro do partido.
Outros vereadores, como Rogério Varanda, expressam descontentamento com suas atuais afiliações partidárias. Varanda, especificamente, mencionou sua preocupação com a competitividade nas próximas eleições dentro do MDB, afirmando: “O destino provável é o Cidadania”. Sua declaração reflete a busca por um ambiente político que ofereça melhores chances de sucesso eleitoral.
A temporada de mudanças partidárias também afeta Wilson Kero Kero e Kássio Coelho, que buscam novas casas políticas no Partido da Mulher Brasileira (PMB) e no Podemos, respectivamente. A decisão de Coelho vem após uma exclusão surpresa do diretório do Partido da Renovação Democrática (PRD) em Mato Grosso, um evento que ele descreveu como sendo orquestrado por “pessoas… completamente desconhecidas”.
Além dessas mudanças confirmadas, há vereadores como Luiz Fernando e Dilemário Alencar, que, apesar de serem opositores ao prefeito Pinheiro, consideram a possibilidade de se juntarem ao União Brasil. Este partido, associado ao governador Mauro e ao pré-candidato à prefeitura, Eduardo Botelho, parece ser uma opção atraente, embora haja hesitação devido a preferências anteriores por Fábio Garcia, secretário-chefe da Casa Civil.
A vereadora Michelly Alencar, do União Brasil, enfrenta um dilema semelhante. Embora simpática a Garcia, ela aguarda uma conversa decisiva com o presidente da Assembleia antes de definir seu apoio para o pleito de outubro. Suas considerações sobre a possível ligação de Botelho com o prefeito Pinheiro e as implicações para sua permanência no partido ressaltam a complexidade das decisões políticas em jogo.
“Estou avaliando todas as possibilidades, mas eu sempre disse que não tenho intenção de sair do partido… mas provavelmente permaneço”, disse Michelly, encapsulando a natureza deliberativa da política, onde cada movimento é cuidadosamente ponderado.
Essas transições e ponderações refletem não apenas as ambições individuais dos vereadores de Cuiabá, mas também as dinâmicas mais amplas da política local, onde alianças, rivalidades e estratégias são constantemente reavaliadas à luz das iminentes eleições municipais. À medida que a janela partidária se abre, o cenário político de Cuiabá permanece em fluxo, com cada decisão repercutindo no futuro político da cidade.