A Bolsa de Valores brasileira vem registrando novos recordes de pontuação, impulsionada pela queda da inflação, bons resultados corporativos e um forte fluxo de investimentos estrangeiros. O cenário positivo reflete a confiança dos investidores no curto prazo, mas, segundo especialistas, a euforia pode não se sustentar se o país não avançar em ajustes fiscais e reformas estruturais.
Para Thiago Duarte, analista de mercado da Axi, o momento de alta deve ser visto com cautela. “O Ibovespa pode manter o ímpeto até o início de 2026, mas sem um ajuste fiscal crível, essa alta corre o risco de perder altitude tão rápido quanto subiu”, afirma.
Eleições de 2026 e cenário fiscal dividem expectativas do mercado
De acordo com Duarte, os investidores já começam a precificar dois possíveis caminhos para a economia brasileira diante das eleições de 2026. No primeiro, o governo Lula adota uma política fiscal mais rigorosa antes do pleito; no segundo, um candidato reformista, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vence e recupera a confiança dos mercados.
“Esses dois cenários não podem se concretizar simultaneamente”, avalia o analista. “Se não houver avanço real na disciplina fiscal, a alta histórica da Bolsa pode perder força rapidamente.”
Rali atual lembra o ciclo de otimismo de 2016 a 2018
O especialista compara o movimento atual ao bull market de 2016 a 2018, período em que o otimismo com reformas e liquidez global impulsionou os mercados, mas que acabou sendo seguido por correção e perda de fôlego.
“O contexto atual tem semelhanças marcantes”, explica Duarte. “O Brasil ainda enfrenta entraves estruturais, como complexidade tributária, rigidez nas leis trabalhistas e fragmentação política, fatores que impedem o crescimento sustentado.”
Lucros corporativos e estabilidade do real sustentam o curto prazo
Apesar dos riscos de médio prazo, os fundamentos atuais seguem positivos. As empresas listadas na B3 continuam apresentando lucros sólidos, e o real mostra estabilidade frente ao dólar, o que atrai investidores internacionais e reforça o bom momento do mercado acionário.
Contudo, o analista alerta que qualquer mudança no cenário externo — como queda nas commodities ou redução do apetite global por risco — pode provocar uma correção rápida nos preços das ações. “O momento é de cautela e disciplina fiscal. O rali atual pode ser uma oportunidade, mas também um teste de maturidade para a economia brasileira”, conclui Duarte.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio

























